Faça como o presidente da Microcity, Luis Carlos Nacif, que após passar por um processo de coaching, diminuiu sua ansiedade e mudou a forma de falar com seus executivos
Por Daniela Diniz
Revista Você S.A
No computador do mineiro Luis Carlos Nacif, de 44 anos, presidente e fundador da Microcity, empresa de terceirização de infra-estrutura de tecnologia de informação, sediada em Belo Horizonte, não faltam bilhetes e orientações criadas por ele e dadas a ele mesmo. São frases como "Preste mais atenção", "Ouça melhor" e "Tenha paciência". Estão escritas em post-its que chamam a atenção de quem entra em sua sala. O ritual não faz parte de nenhum mantra ou filosofia zen. É resultado de um processo de coaching que Luis iniciou em outubro de 2006 e concluirá em junho deste ano.
Não é de hoje que presidentes lotam salas de profissionais em busca de serviços de coaching. O difícil é eles assumirem isso diante da equipe. Grande parte deles esconde que passa por tal processo, exigindo inclusive da empresa responsável pelo trabalho contratos de sigilo absoluto. Por quê? Porque, para muitos, presidentes são espécies de super-heróis corporativos. Logo, não podem falhar. "Não é fácil admitir limitações, ainda mais quando você é o principal executivo da empresa", afirma Luis. "Hoje, porém, aprendi que é melhor minha equipe saber que não tenho resposta para tudo."
Um tanto quanto cético em relação aos resultados práticos e tangíveis que o coaching poderia trazer para a liderança de sua empresa (40 profissionais num total de 200), Luis resolveu testar o processo. "Decidi participar para ver se o coaching daria resultados", explica o presidente. Ele confessa que no início foi difícil concordar com as psicólogas Sônia de Oliveira e Cláudia Gomes, especialistas em psicologia empresarial e responsáveis pelo trabalho. "Achava que tinha autoconhecimento das minhas características e foi difícil admitir essas fraquezas", afirma Luis.
O principal problema revelado no processo foi a forma como o presidente passava mensagens. Extremamente ansioso e impaciente, Luis não costumava dar tempo para seus executivos explicarem um projeto. Muitas vezes, as pessoas tinham de desenvolver todo o raciocínio em um minuto de conversa, e em pé, para ser mais rápido. "Eu já sofria por antecipação", diz Luciana Canton, de 36 anos, gerente de comunicação e marketing. "Percebia uma ansiedade enorme dele em encerrar a conversa, pedindo para eu ser mais objetiva."
Ao reconhecer suas limitações, Luis começou a espalhar os tais bilhetes em seu computador e levá-los até mesmo nas reuniões. "A minha ansiedade não me permitia passar a mensagem de forma correta", diz. "Eu falava uma frase, achava que todo mundo já tinha entendido. Na verdade, aprendi que o que é muito claro para mim nem sempre é para os outros." Com os bilhetes, ele se policia ao falar com seus executivos. Ao ver que está perdendo a paciência, ele lê a palavra calma, respira fundo e espera a pessoa concluir. "Eu era do tipo que continuava digitando no computador quando alguém vinha falar comigo", conta Luis. "Estou superando isso."
Para baixar a ansiedade, as psicólogas recomendaram que o executivo fizesse aulas de origami (técnica milenar de criar formas de papel por meio de dobras). Para alguém que adora velocidade (seu esporte preferido é participar de ralis), fazer dobraduras era pedir demais. Ele substituiu o origami por aulas de violão. "É preciso muita paciência para aprender a tocar", diz Luis.
As aulas, os bilhetes e as orientações das psicólogas estão ajudando a mudar seu comportamento, o que é visivelmente percebido pelos subordinados. "Se eu percebo que não estou sendo ouvido, repito quantas vezes for necessário o que quero apresentar", diz Bruno Andrade, de 47 anos, diretor comercial e de parcerias. Segundo Bruno, é fundamental a equipe ter conhecimento dessas falhas. "Antes, se o Luis não ouvia, a gente simplesmente achava que ele não concordava e ponto", diz Bruno. "Ao saber que é uma característica de comportamento, a comunicação flui muito melhor." Luciana, pelo menos, garante que está muito mais fácil trabalhar. "As reuniões são mais produtivas ", diz ela. "Hoje temos diálogos e não mais monólogos." Resultados da terapia profissional.
PARA POR EM PRÁTICA
O que Luis Nacif, da Microcity, aprendeu até agora com o coaching:
Matéria pertencente à Edição de nº 106 da Revista Você S/A de Abril de 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário