NO TRABALHO
A palavra resiliência é ainda nova para os ambientes corporativos. Originou-se na física, sendo a propriedade que alguns materiais têm de acumular energia, quando submetidos a um esforço e, cessado o esforço, retoma ao seu estado natural, sem sofrer deformações permanentes. Veja o caso de uma vara utilizada no salto de altura: quando o atleta toma impulso para saltar, a vara curva-se, acumula energia, projeta o atleta sobre o obstáculo e depois retorna ao seu estado normal sem deformações.
Baseado no texto da Dra. Valéria Reani
A psicologia tomou emprestado este termo para definir que pessoas resilientes são as que sofrem pressões e adversidades e mesmo assim conseguem manter-se em um estado normal, não se permitindo “quebrar” diante de tantos problemas e desafios do dia moderno.
Portanto, a resiliência consiste em equilíbrio entre a tensão e a habilidade de lutar, além do aprendizado obtido com obstáculos (sofrimentos).
Como este artigo aborda em especial a resiliência em ambiente de trabalho, é recomendado que toda empresa se preocupe com a resiliência de seus profissionais, pois o indivíduo que não possui ou não desenvolve a resiliência, pode sofrer severas conseqüências, que vão da queda de produtividade ao desenvolvimento das mais diferentes doenças psicossomáticas.
Atualmente, diante de tanta competitividade, instabilidade econômica e cobrança por resultados no cenário corporativo, o profissional é provado a manter o equilíbrio emocional. Todavia, para enfrentar todas essas adversidades, ele precisa desenvolver uma competência que tem conquistado cada vez mais espaço no meio organizacional e chamado a atenção da área de Recursos Humanos: a resiliência.
A IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA NO MUNDO ORGANIZACIONAL
A palavra de ordem nas empresas hoje é resultado e na maioria dos casos resultado é fazer “mais com menos”. Hoje o profissional tem que ser polivalente, cobrar o escanteio, correr e fazer o gol de bicicleta. São várias as reuniões em que Diretores Corporativos têm que apresentar o andamento de algumas metas que foram estabelecidas e ao final da reunião ter ainda duas ou mais metas estabelecidas para serem cumpridas. Agora! E tudo isso à crise global que o planeta está vivendo; é muita pressão e adversidade juntas e o profissional tem que se manter inteiro, continuando a dar resultados positivos.
SAÚDE MENTAL
Uma pesquisa da International Stress Management Association (ISMA), entidade presente em vários países, demonstra que 82% dos profissionais brasileiros apresentam ansiedade em vários graus, como: -
- Dores musculares, sentidas em 96% dos entrevistados;
- Angústia, por 78%;
- Momentos de agressividade, em 52%;
- Problemas gastrointestinais, em 32%.
Esses números evidenciam que os profissionais brasileiros precisam agir se não quiserem perder a saúde. Necessitam desenvolver a habilidade da resiliência; isto é, sofrer pressões e adversidades, pois elas são inevitáveis, e mesmo assim continuar apresentando resultados positivos e ao mesmo tempo mantendo seu estado físico-psicológico normal.
O perfil do profissional que apresenta tal competência. Ele existe?
Existe sim! A principal característica deste profissional é a ação assertiva. Ele não foca no problema, e sim na solução dele. Pessoas sem esta competência tendem a ficar com raiva da adversidade, impedindo enxergar as possíveis soluções e outras pessoas tendem a entrar na tristeza ou no medo, sentimentos que paralisa a ação. O profissional resiliente não permite entrar nestes sentimentos e com isto toma decisões e parte para a ação.
E tem uma razão de o ser: ele não precisa ficar se autoafirmando, defendendo seu ego. Ele se conhece. Sabe de seus pontos fortes, de suas limitações, de seus medos, anseios e sonhos. Ele se aceita e sabe utilizar o que tem de melhor para a situação problemática. Não precisa provar nada para ninguém, apenas age de forma congruente a si mesmo e ao que a situação requer. Soluciona sem se perder de si mesmo e sem misturar-se ao problema.
A Inteligência Emocional como desenvolvimento da resiliência nas pessoas
Em muitos momentos falta aos funcionários a tão famosa, mas pouco utilizada, inteligência emocional. De acordo com Daniel Golleman, há uma explicação neurológica para um comportamento agressivo, mediante situações desagradáveis. O cérebro humano foi formado de baixo para cima, isto é, as primeiras estruturas do cérebro iniciam na parte de baixo e com a evolução outras ramificações foram formadas até chegar ao topo da cabeça. Os homens das cavernas tinham apenas a parte inferior formada e nela há uma estrutura pequena chamada amídala, onde ficam armazenadas nossas emoções boas e ruins. Assim que nossos antepassados ouviam ou viam algo, esta informação era enviada à amídala que determinava a reação dele. Ou seja, se aparece um animal, a amídala dava a ordem: “Fuja” ou “Ataque-o“; a amídala dava uma ordem emocional, por impulso, sem questionar muito a situação.
Já o homem moderno, além de ter a amídala, também possui uma estrutura próxima à testa chamada neocortex que comanda nossas ações racionais, é a parte pensante do cérebro, isto é, questiona e pensa a melhor forma de executar alguma tarefa.
Segundo Golleman, o problema é que a informação chega primeiro à amídala e apenas depois chega ao neocortex. Portanto, se o que está acontecendo no ambiente externo é muito intenso, a amídala pode dar o comando de “Fuja” ou “Ataque“ antes que o neocortex diga “calma, vamos montar um plano de ação para resolver este problema mais assertivamente“.
Este processo chama-se “sequestro da amídala”, onde ela não permite que o neocotex aja.
Acredita-se que uma pessoa resiliente consegue desativar o sequestro da amídala, não permitindo reações impulsivas, elas fazem aquele famoso “contar até dez”, para que a informação chegue ao neocortex e seja processada racionalmente, não permitindo assim cometer excessos que fatalmente serão catastróficos para uma solução eficaz.
Mais uma vez o tal do autoconhecimento! A pessoa só conseguirá desativar o looping originado pela amídala (e dar continuidade ao pensamento) se souber como ela funciona. Só assim poderá desativar este processo, reconhecendo que está nele.
Einstein já dizia: “um problema não pode ser resolvido no mesmo estado emocional que ele foi criado ou descoberto“.
O papel do profissional de RH para o desenvolvimento da resiliência no ambiente corporativo
A missão dos profissionais de RH (Recursos Humanos) é proporcionar o desenvolvimento desta habilidade nos colaboradores das empresas, seja através de treinamentos, palestras, coaching ou leitura de livros. Estes profissionais devem introduzir a resiliência no “hall” de competências a serem desenvolvidas pelos funcionários das organizações.
Note que em todo momento temos medo, tristeza e raiva, gerando paralisações nas tomadas de decisões ou atitudes impeditivas que nos arrependemos depois. Portanto, buscar o equilíbrio emocional - pelo autoconhecimento - para estes momentos é fundamental para o sucesso do funcionário e, conseqüentemente, da empresa.
DICAS PARA O RH AUMENTAR A CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA DE SEUS FUNCIONÁRIOS
- Melhorar preparação do indivíduo para lidar com pressões;
- Fornecer meios de reduzir pressões desnecessárias reconhecendo como elas são criadas e mantidas;
- Desenvolver a capacidade de se adequar e flexibilizar às situações sem perder os objetivos.
DICAS PARA VOCÊ AUMENTAR SUA CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA
- Imaginar seu projeto de vida, mesmo que não possa ser colocado em prática imediatamente. Sonhar com seu projeto é confortante e reduz a ansiedade.
- Aprender e adotar métodos práticos de relaxamento e meditação.
- Praticar esporte para aumentar o ânimo e a disposição. Os exercícios aumentam endorfinas e testosterona que, conseqüentemente, proporcionam sensação de bem-estar.
- Procurar manter o lar em harmonia, pois este é o “ponto de apoio para recuperar-se”.
- Aproveitar parte do tempo para ampliar os conhecimentos, pois isso aumenta a autoconfiança.
- Transformar-se em um otimista, visualizando sempre o futuro bom.
- Assumir riscos (ter coragem).
- Tornar-se um “sobrevivente” repleto de recursos no mercado profissional.
- Apurar o senso de humor (desarmar os pessimistas).
- Separar bem quem você é e o que faz. Autoconhecimento.
- Usar a criatividade para quebrar a rotina.
- Examinar e refletir sobre a sua relação com o dinheiro.
- Permitir-se sentir a dor de recuar e, às vezes, enfraquecer, para em seguida retornar ao estado original.
Saber que não é a situação que faz você - mas você que atua sobre a situação - pode ajudar.
Existem várias formas de buscar a revisão comportamental. Vai desde um auxílio psicológico, participação em treinamentos de focam os comportamentos humanos, até coaching.
Experimente e SUCESSO!
Baseado em texto retirado de : http://www.valeriareani.com.br/?p=3823
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